Regentes falam da experiência de participar de Workshop da Orquestra Filarmônica de Goiás

Na última quarta-feira (03/09), no palco do Teatro Sesi, a Orquestra Filarmônica de Goiás foi regida por oito jovens maestros e maestras. Esses músicos fizeram parte do grupo de Alunos Ativos do Workshop de Regência Orquestral, ministrado pelo diretor artístico e maestro titular da Filarmônica, Neil Thomson. Como critérios de escolha, foi considerada a experiência à frente de orquestras e o fato de não ter participado ativamente de edições anteriores. Além deles, foram contemplados 26 outros músicos, que puderam participar do workshop como aluno ouvinte.   

O tubista carioca Eliézer Rodrigues, um dos alunos ativos, conta que sempre regeu coros e orquestra em igreja, e que, há pouco tempo, decidiu estudar a regência para alcançar um nível profissional. “Eu tenho uma orquestra no Rio de Janeiro de voluntários, onde a gente pratica repertório erudito de nível intermediário para avançado”, comenta.  

Esta é a segunda vez que Eliézer participa do workshop de Regência da Filarmônica de Goiás, sendo que, na primeira vez, em 2023, participou como aluno ouvinte. “Dessa vez participei como regente ativo, e foi uma experiência enriquecedora, onde nós pudemos aprender muitos detalhes novos com o maestro Neil. A paixão que o maestro tem, a forma como ele transmite isso para o aluno... uma coisa que me marcou muito é quando ele pega a mão do aluno e conduz esse movimento da regência, onde ele consegue passar exatamente o que ele sente, o que ele pensa na hora de reger isso. Para mim foi uma novidade no ensino, que eu vou levar para o resto da vida. Muito, muito, muito enriquecedor mesmo", declara.  

A pianista argentina María Clara Marco Fernández, participante ativa do workshop, estudou Regência Orquestral na Universidade Nacional das Artes de Buenos Aires e fez mestrado em Regência de Ópera. Ela, que mora em Goiânia há alguns anos, fez parte do Worksop de Regência de 2023 como aluna ouvinte. "Afortunadamente, pude participar também desta edição. Eu destaco muitas coisas nesse workshop. A primeira é o alto nível que tem a orquestra e o maestro. Fazer um workshop de um nível tão alto, com músicas que são bem desafiadoras também, como a Sinfonia de Dvorak, as músicas de Brahms e Strauss, e também ter a oportunidade de trabalhar com o maestro que tem tanta experiência, tanta trajetória é uma coisa muito, muito especial, é perfeito!”, comenta, entusiasmada.  

O violista carioca Daniel Oliveira, participante ativo do workshop, já fez parte da Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense e, desde 2022, estuda regência, tendo concluído recentemente um mestrado em Regência na Universidade Federal do Rio Janeiro. Além disso, é maestro residente da orquestra Orquestra Sinfônica Mariuccia Iacovino, de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Essa foi sua primeira participação no workshop de Regência Orquestral da Filarmônica e, para ele, o contato com a orquestra é a coisa mais importante do processo aprendizado de regência. "A gente não tem uma orquestra em casa para praticar. Então, essa oportunidade é muito rara, muito valiosa, especialmente com uma orquestra tão boa, do nível da Filarmônica de Goiás. E com relação ao professor, o maestro, ele é incrível, é um grande professor, um maestro com muita experiência, sabe os caminhos. E ele tem muito carinho, muita generosidade, muita delicadeza no processo pedagógico. Então foi um prazer, com certeza eu gostaria de voltar sempre que possível”, agradece. 

A cantora e dançarina paulista Beatriz Cabral tem licenciatura em Música, está estudando Regência na capital paulista, e foi uma das selecionadas como aluna ouvinte. “Foi uma experiência muito enriquecedora trabalhar com essa orquestra, com uma orquestra desse nível, e receber as orientações do maestro que tem muita experiência pra compartilhar com a gente”, analisa.  

A violinista, pianista e cantora brasiliense Olga Regina Holanda dos Santos Dutra, aluna ouvinte do workshop de Regência Orquestral, é formada pela Escola de Música da Universidade de Brasília. Ela conta que começou sua atividade na área pela regência coral. “Sempre tive o coro na minha vida, mas, pela minha formação como violinista, eu também tive interesse de me dedicar à regência orquestral. Já estive à frente de alguns grupos lá em Brasília, alguns projetos menores”, relata.   

Ela conta que esta é a segunda vez que participa como ouvinte do Workshop de Regência da Filarmônica, já tendo feito parte da edição de 2022. “A posição de ouvinte é muito interessante porque a gente tem a oportunidade de aprender sem a responsabilidade de reger. Então, é muito legal ver o crescimento dos colegas, ver o quanto os apontamentos do maestro fazem o som mudar muitas vezes. A gente acompanha isso em tempo real, de uma forma muito viva, quando a gente tem a oportunidade de estar vendo os maestros na frente da orquestra. Então, dá pra ver com muita clareza que o maestro é muito apaixonado pela música que faz, e pela educação, de repassar esse conhecimento pra gente, então o que fica é realmente esse amor pela música, essa paixão pelo que a gente faz.” 

O maestro paulista Erick Félix toca oboé desde seus 13 anos. No ano de 2017 passou a fazer parte da Orquestra Sinfônica de Goiânia, se tornou professor de oboé da EFG Basileu França e, depois se tornou o regente da Orquestra Sinfônica Juvenil Pedro Ludovico Teixeira. Nesta edição do worksop ele foi selecionado como um dos participantes ativos. “Estudamos um repertório extremamente diversificado e extremamente desafiador para nós regentes, com obras como “O Morcego”, teremos também “Variações sobre um Tema de Haydn”, de Brahms, e também a “Sétima Sinfonia de Dvorak”. É sempre incrível aprender com o maestro Neil Thomson, um dos maiores regentes da atualidade”, ressalta.  

A edição do Workshop de Regência deste ano recebeu 58 inscrições, tendo sido escolhidos oito participantes ativos e 26 alunos ouvintes - o número inicial de ouvintes era de dez alunos, mas, diante da demanda, a direção da Filarmônica decidiu ampliar a oportunidade. “Foram quase 60 inscrições recebidas, o que tornou o processo de seleção dos alunos um grande desafio! A elevada qualidade dos candidatos surpreendeu não apenas pelo número expressivo, mas também pelo nível técnico apresentado. Diante disso, optamos por ampliar em mais de duas vezes o número de vagas destinadas a alunos ouvintes, demonstrando nosso empenho em acolher o maior número possível de interessados”, frisa Neil Thomson.  

OFG  

Reconhecida internacionalmente como um dos melhores grupos orquestrais da América Latina, a Orquestra Filarmônica de Goiás recebeu elogios da revista inglesa Gramophone, uma das mais prestigiadas publicações de música clássica do mundo. O grupo é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), por meio da Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França, e gerida pelo Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia (CETT) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desde 2021.