Estudante da Escola do Futuro cria dispositivo para prevenir violência contra mulheresPublicado em: 10 de março de 2025

Equipamento está sendo construído nos laboratórios de tecnologia e inovação da unidade do governo de Goiás em Santo Antônio do Descoberto, Sarah L. L. Kubitschek de Oliveira
A estudante do curso Técnico em Desenvolvimento Web Mobile, de apenas 20 anos, Deborah do Nascimento, tem se destacado pelo desenvolvimento de um mecanismo para a prevenção de crimes contra a mulher. O projeto nomeado CIM, Centro de Informações à Mulher, surgiu da necessidade de uma ferramenta que fosse ao mesmo tempo eficiente e acessível para mulheres em situação de risco. O projeto, que saiu do papel em setembro do ano passado e, atualmente, encontra-se, na fase de testes e de adequação do protótipo. Antes mesmo de iniciar a construção do dispositivo, a ideia da estudante foi premiada em uma competição nacional de tecnologia, com o tema “Centralização de informações para apoio às mulheres.
O projeto é composto por dois itens integrados, um aplicativo que pode ser instalado em qualquer aparelho móvel e um chaveiro eletrônico com botão de ativação de alerta de perigo. O conjunto em desenvolvimento se diferencia dos dispositivos já existentes porque oferece várias funcionalidades para as usuárias, como é explicado pela estudante que também integra o Núcleo de Pesquisa e Inovação da EFG Sarah Kubitschek.
“Durante o hackathon, fui desafiada a idealizar algo que pudesse contribuir para a segurança das mulheres e que estivesse ligado ao universo da tecnologia. Partindo do cenário atual, em que buscamos soluções práticas e que estejam disponíveis em nossas mãos, resolvi desenvolver um programa que funcionasse como central de apoio às mulheres, que concentrasse informações e que pudesse, ainda, auxiliá-las em momentos de riscos iminentes”, conta Deborah do Nascimento.
De acordo com a estudante, o projeto, quando estiver em uso, será um importante instrumento para a redução do número de incidentes cometidos contra as mulheres no País, que ainda é alarmante. Para se ter uma noção da gravidade, somente no ano passado, 1.128 mulheres foram assassinadas no Brasil, em decorrência do gênero. Apesar do número de casos registrados ser 5,1% menor em comparação a 2023, a cada seis horas uma mulher tem a vida ceifada no país, de acordo com os dados divulgados pelas Organização das Nações Unidas – ONU. Já o Mapa da Violência, elaborado pelo DataSenado, aponta, em nível nacional, que 30% das brasileiras relatam ter sofrido violência doméstica ou familiar provocada por homem.
Deborah do Nascimento, de 20 anos, criou aplicativo para smartphone e chaveiro eletrônico com botão de ativação de alerta de perigo. Atualmente, o projeto está sendo aperfeiçoado por uma equipe muldisciplinar EFG Sarah L. L. Kubitschek de Oliveira (Fotos: Secti)
Funcionalidades do dispositivo
No aplicativo do CIM, as mulheres vão encontrar diversas funcionalidades como o acesso a informações, conteúdos educativos, orientações e mapa com locais para atendimento. Noutros ícones, interligados a serviços oficiais de proteção a mulher, elas poderão solicitar medidas protetivas e realizar denúncias. Além disso, o app conta com ferramentas de emergência, com disparo de alertas de pedido de ajuda para patrulhas especializadas e contatos cadastrados. Para isso, basta instalar o CIM no celular e registrar informações pessoais.
“O App integrado ao dispositivo de emergência vai garantir às mulheres uma maior sensação de segurança, permitindo a elas que possam seguir suas vidas sem o fantasma do risco diário. E o mais interessante é que estamos fazendo de tudo para que o programa seja o mais acessível possível para que atinja principalmente aquelas que estão em situação de vulnerabilidade”, conclui a pesquisadora da EFG Sarah L. L. Kubitschek de Oliveira.
A produção do equipamento está sendo feita dentro dos laboratórios de tecnologia da Escola do Futuro, em Santo Antônio do Descoberto. Hoje, além da estudante Deborah do Nascimento, a equipe multidisciplinar é formada por um acadêmico do curso de Tecnologia de Sistemas para Internet, profissionais em Designer Gráfico, Gestão em Segurança Pública e Privada e Marketing. Além da produção do App, o trabalho inclui a programação de um software específico e a composição do dispositivo físico a partir de peças recicladas de lixo eletrônico.
O supervisor do projeto, o professor João Marcos Marques, ressalta que as disciplinas ofertadas nos cursos da unidade foram essenciais para que o projeto se tornasse realidade. “A estudante Deborah chegou à nossa escola em 2023 e já nos surpreendeu pela curiosidade em descobrir mais sobre o mundo da tecnologia. Ela construiu uma trilha formativa, composta por 10 cursos técnicos, os quais lhes renderam uma bagagem crucial para que, neste momento, ela pudesse liderar e executar o CIM.”, explica o professor.
Escola do Futuro
A EFG Sarah Kubitschek, sediada em Santo Antônio do Descoberto, possui infraestrutura moderna, com oito laboratórios de tecnologia nas áreas de robótica, eletrônica, tecnologia de automação, economia criativa, informática, e-sports, inteligência artificial, e Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática combinadas. Desde 2017, já passaram pela unidade 4 mil estudantes nos cursos ofertados na unidade, que são voltados para a formação técnica e tecnológica. A instituição cumpre papel fundamental para a qualificação da população da região, garantindo acesso ao mercado de trabalho e renda para os moradores das cidades do Entorno do DF.
As Escolas do Futuro do Estado de Goiás são uma iniciativa de educação gratuita e de qualidade do Governo de Goiás em parceria com a Universidade Federal de Goiás. O objetivo é capacitar profissionalmente os estudantes para o empreendedorismo e para a entrada no mercado de trabalho. As Escolas do Futuro são geridas por convênio entre a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e o Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (CETT/UFG)